Lipofuscinoses ceroides neuronais 5 (gene CLN5, Border Collie)

A lipofuscinose ceroide neuronal 5 (NCL5) foi identificada em Border Collies e é causada por uma mutação no gene CLN5. Esta variante da lipofuscinose ocorre normalmente em cães jovens, tipicamente entre os 12 meses e os 2 anos de idade.

Sintomas

Os sintomas da NCL5 incluem: deterioração neurológica progressiva, perda de coordenação e de capacidades motoras, alterações comportamentais, como aumento da agressividade ou da ansiedade, perda de visão, cegueira e convulsões. A esperança de vida dos cães afectados não excede os 3 anos.

Gestão da doença

Não existe cura para a NCL5 e o tratamento centra-se normalmente no controlo dos sintomas e na manutenção da qualidade de vida do cão. Por exemplo, pode ser prescrita medicação para ajudar a controlar as convulsões, e os cuidados de apoio podem ajudar a controlar outros sintomas.

Base genética

Esta doença segue um modo de hereditariedade autossómica recessiva, o que significa que o cão, independentemente do sexo, tem de receber duas cópias da mutação ou variante patogénica para estar em risco de desenvolver a doença. Ambos os pais de um cão afetado devem ser portadores de pelo menos uma cópia da mutação. Os animais portadores de apenas uma cópia da mutação não correm um risco acrescido de desenvolver a doença, mas podem transmitir a mutação às gerações futuras. Não se recomenda o cruzamento entre cães portadores de variantes genéticas que possam causar doença, mesmo que não apresentem sintomas.

Relatório técnico

As lipofuscinoses ceróides neuronais (NCL) são doenças de depósito lisossómico caracterizadas pela acumulação de grânulos fluorescentes de lipofuscina nos lisossomas dos neurónios, resultando na morte neuronal precoce e na neurodegeneração progressiva do sistema nervoso central. Estas doenças são causadas por mutações em vários genes, variando a idade de início dos sintomas e a progressão com a forma específica da doença e a mutação subjacente. A NCL5 é uma doença causada especificamente por mutações no gene CLN5, cuja função ainda não é totalmente compreendida. Tem sido postulado que esta proteína pode desempenhar um papel no tráfico intracelular e, recentemente, foi proposto que pode funcionar como uma enzima protease nos lisossomas. A mutação no gene CLN5 que analisamos aqui, denominada c.619C>T, causa a transformação de um codão de glutamina num codão de terminação (p.Gln207Ter). Esta alteração resulta numa proteína que não funciona corretamente. Esta variante genética foi inicialmente identificada em Border Collies afectados por NCL5, mas também foi detectada noutras raças, como Australian Cattle Dogs e uma mistura de Pastor Alemão/Cão de Gado Australiano.

As raças mais afectadas

  • Border Collie
  • Golden Retriever
  • Cão de Gado Australiano

Bibliografia

Basak I, Wicky HE, McDonald KO,et al. A lysosomal enigma CLN5 and its significance in understanding neuronal ceroid lipofuscinosis. Cell Mol Life Sci. 2021 May;78(10):4735-4763.

Melville SA, Wilson CL, Chiang CS,et al. A mutation in canine CLN5 causes neuronal ceroid lipofuscinosis in Border collie dogs. Genomics. 2005 Sep;86(3):287-94.

Villani NA, Bullock G, Michaels JR,et al. A mixed breed dog with neuronal ceroid lipofuscinosis is homozygous for a CLN5 nonsense mutation previously identified in Border Collies and Australian Cattle Dogs. Mol Genet Metab. 2019 May;127(1):107-115.

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