Fenda labial e palatina

A fenda palatina é uma anomalia craniofacial dos cachorros que provoca fendas no céu da boca (palato) e uma comunicação anormal entre a cavidade oral e a cavidade nasal.

Sintomas

Os cachorros afectados têm uma fenda ou fissura no palato duro e mole desde o nascimento, o que causa dificuldades de alimentação e impede-os de crescer ao mesmo ritmo que os seus companheiros de ninhada. Além disso, durante a alimentação, o leite pode passar para o trato respiratório, aumentando o risco de infecções, o que, em alguns casos, pode comprometer a sua sobrevivência.

Gestão da doença

Se o seu cão apresentar quaisquer sintomas, deve consultar o seu veterinário para avaliação. Tanto a fenda palatina congénita como a adquirida podem ser corrigidas por cirurgia. No caso da fenda palatina congénita, esta é indicada numa idade precoce, de preferência entre os 4-6 meses, embora em casos graves possa ser mais cedo e os cachorros possam necessitar de cuidados especiais.

Base genética

Esta doença segue um modo de hereditariedade autossómica recessiva, o que significa que o cão, independentemente do sexo, tem de receber duas cópias da mutação ou variante patogénica para estar em risco de desenvolver a doença. Ambos os pais de um cão afetado devem ser portadores de pelo menos uma cópia da mutação. Os animais portadores de apenas uma cópia da mutação não correm um risco acrescido de desenvolver a doença, mas podem transmitir a mutação às gerações futuras. Não se recomenda o cruzamento entre cães portadores de variantes genéticas que possam causar doença, mesmo que não apresentem sintomas.

Relatório técnico

O gene DLX6 produz um fator de transcrição que se expressa durante o desenvolvimento e está envolvido, juntamente com o DLX5, na formação das estruturas craniofaciais, do ouvido interno, dos membros e do cérebro, sendo importante na diferenciação dos condrócitos (células da cartilagem) e dos osteoblastos (células que produzem a matriz extracelular dos ossos). O gene é importante na diferenciação dos condrócitos (células da cartilagem) e dos osteoblastos (células que produzem a matriz extracelular dos ossos). No estudo de Wolf et al. observou-se que este defeito pode ser causado por uma inserção de 2056 pb (pares de bases) numa região altamente conservada do gene DLX6 que provoca a produção de um códão de paragem prematuro.

As raças mais afectadas

Retriever da Nova Escócia

Bibliografia

Fiani N, Verstraete FJ, Arzi B. Reconstruction of Congenital Nose, Cleft Primary Palate, and Lip Disorders. Vet Clin North Am Small Anim Pract. 2016 Jul;46(4):663-75.

Wolf ZT, Leslie EJ, Arzi B,et al. A LINE-1 insertion in DLX6 is responsible for cleft palate and mandibular abnormalities in a canine model of Pierre Robin sequence. PLoS Genet. 2014 Apr 3;10(4):e1004257.