Cistinúria Tipo I-A (gene SLC3A1, Labrador Retriever)

A cistinúria é uma doença causada por um defeito na reabsorção de determinados aminoácidos no túbulo proximal do néfron e no epitélio gastrointestinal. Como resultado da acumulação destes aminoácidos, podem formar-se cristais e cálculos no trato urinário.

Sintomas

A cistinúria manifesta-se por uma série de sintomas, como cistite recorrente, hematúria e estrangúria. Além disso, esta doença hereditária pode levar à formação de cálculos ou cristais nos rins, na bexiga ou na uretra, o que pode provocar uma obstrução urinária parcial ou total. Se não for tratada eficazmente, esta obstrução pode provocar lesões irreversíveis nos rins e insuficiência renal.

Gestão da doença

Existem diferentes opções de tratamento para a cistinúria, incluindo intervenções cirúrgicas e não cirúrgicas. Se o tamanho dos cálculos for muito pequeno, recomenda-se a urohidropropulsão, que consiste em expelir os cálculos com um cateter especializado. O método de dissolução por ultra-sons também pode ser escolhido para quebrar os cálculos. Se os cálculos forem grandes e não puderem ser removidos de outra forma, recorre-se à extração cirúrgica. Para evitar a recorrência dos cálculos renais, recomenda-se uma alimentação que favoreça a produção de urina alcalina e mais diluída.

Base genética

Esta doença segue um modo de hereditariedade autossómico recessivo. A herança autossómica recessiva significa que o cão, independentemente do sexo, deve receber duas cópias da mutação ou variante patogénica para estar em risco de desenvolver a doença. Ambos os progenitores de um cão afetado têm de ser portadores de, pelo menos, uma cópia da mutação. Os animais com apenas uma cópia da mutação não correm um risco acrescido de desenvolver a doença, mas podem transmitir a mutação às gerações futuras. Não é recomendado o cruzamento entre cães portadores de variantes genéticas que possam causar a doença, mesmo que não apresentem sintomas.

Relatório técnico

A cistinúria é causada por um defeito no transporte de aminoácidos (cistina, ornitina, lisina e arginina) no túbulo proximal do néfron e no epitélio gastrointestinal. O transporte destes aminoácidos ocorre através de um transportador heteromérico codificado pelos genes SLC3A1 e SLC7A9. Por conseguinte, qualquer mutação nestes dois genes que afecte a funcionalidade do transportador resultará na acumulação de aminoácidos no trato urinário. Foram identificadas múltiplas mutações responsáveis pela cistinúria no gene SLC3A1, distribuídas em várias raças de cães, como Terra Nova (c.586C>T), Labrador (c.350delG) e Bulldog Inglês e Francês (c.574A>G; c.2092A>G). Brons et al. (2013) identificaram a variante c.350delG no exão 1 do gene SLC3A1 na raça Labrador Retriever. Esta mutação envolve a deleção de uma guanina que resulta no aparecimento de um códon de parada prematuro, truncando a proteína resultante (rBAT). É provável que a terminação prematura da tradução diminua ou impeça a síntese proteica; embora se a proteína fosse expressa, provavelmente não funcionaria corretamente. Como indicado no mesmo estudo de Brons et al. (2013), a incidência desta variante parece ser baixa, apesar da popularidade da raça.

As raças mais afectadas

  • Labrador Retriever

Bibliografia

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